quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Gripe globalizada

Gripe globalizada é fogo! Peguei uma há quase quinze dias e ainda não fiquei bom. Acho que o vírus da gripe quebécoise é uma mistura dos vírus das gripes russa, romena, espanhola, brasileira, iraniana, peruana, ucraniana e por aí vai. É disenteria, tosse, moleza, nariz entupido, secreção... tudo ao mesmo tempo agora, como na música dos Titãs.

Quando eu melhorar eu volto a dar (no bom sentido) notícias.

domingo, 10 de agosto de 2008

¡Hay que to be polyglotte!

Lá vamos nós, eu e meu filho, no ônibus a caminho de casa. Brincalhão como ele é, sempre chama a atenção de alguém dentro do ônibus. Desta vez foram duas senhoras que se engraçaram dele e uma delas perguntou: "¿Cuántos meses él tiene?" A minha chave comutadora de idiomas é nova, ainda funciona muito lentamente, então eu demorei uns cinco segundos pra responder "Quince meses". O que seria fácil há alguns anos, pareceu muito difícil agora. Fiquei assustado.

Antes de descer do ônibus, uma mulher chegou perto de mim (o suficiente para que eu percebesse que ela tinha tomado umas e outras) e disse: "You have a nice baby! How old is he?" E lá vou eu mudar a chave de novo. Levei os mesmos cinco segundos até responder: "He's fifteen months old". Não satisfeita, ela completou com um "It's your first?" Ao que respondi, desta vez mais rapidamente, com um preocupado "Yes, yes!" É que o ônibus já havia parado e eu ia descer ali.

O motorista, atencioso como a maioria dos motoristas daqui, não reclamou. Apenas aguardou que eu me livrasse da simpática e ébria senhora e seguisse meu caminho até a porta. Eu, claro, agradeci com o tradicional merci beaucoup. "Bienvenue! Bonne journée!", disse ele. Sim, bienvenue, porque esse negócio de de rien é só lá na França. Aqui é bienvenue.

Aqui em Montreal, hay que to be polyglotte. Em um minuto podem falar com você em três idiomas diferentes. Pra eles é muito normal. Pra mim pode vir a ser normal um dia, mas eu vou ter que passar muita graxa na minha chavezinha comutadora de idiomas.

Meu espanhol de universidade estava esquecido no fundo do baú. Meu inglês, que era até razoável, foi deixado de lado há alguns anos para dar lugar ao francês - necessário para o processo de imigração. O resultado dessa confusão é que eu não posso mais dizer que sou muito bom em nenhum dos três idiomas. Até em português eu estou me complicando, pois de repente descobri que não sei o que é feito do trema (alguém pode me dizer?).

Definitivamente eu não sou um poliglota. Mas um dia eu chego lá. ;)

À bientôt! Bye! Hasta luego! Arrivederci!

Inté!

Queijo coalho em Montreal!

Incroyable! Achei queijo coalho em Montreal!

Na verdade não é o queijo coalho exatamente como o que estamos acostumados lá em Pernambuco; são idênticos na forma, mas um pouco diferentes na consistência. O daqui (de origem desconhecida) é meio duro, meio quebradiço, assim como ficam os pernambucanos quando a gente congela e descongela (estou falando dos queijos, claro). O coalho que encontrei aqui é pra lá de salgado. Quem for hipertenso que tenha cuidado para não ir bater no hospital. O sabor, no entanto, é muito parecido. Muito bom. E ele não derrete quando a gente bota no fogo. Fica inteiraço, crocante. Uma belezura.

Onde eu achei? Num mercadinho na rua Wellington, lá em Verdun. Bem pertinho da estação de metrô De L'Eglise.

Já está com água na boca? Não? Pois vá buscar um guardanapo ou um babador, porque você talvez precise de um depois que olhar direitinho para a foto aí no final. ;)

À bientôt!


Abacaxis da Costa Rica, laranjas da África do Sul

E a salada continua! Tem de tudo em Montreal! Dessa vez eu encontrei abacaxis da Costa Rica (muito bons, eu provei) e laranjas da África do Sul. Com tanta laranja aqui pertinho eles mandam buscar na África do Sul? Não entendi. Ou custam muito menos ou são muito boas. Na dúvida, preferi não arriscar.

Que saudades das pinhas do Recife!

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Do pornobrega à música clássica

No Recife, quando eu andava de ônibus, normalmente tinha que usar tampões de ouvido. Os motoristas adoravam escutar seu lixo musical na maior altura. Sim, claro, porque todos tinham que compartilhar do seu mau gosto. Ali quem mandava era ele e ponto final. Afinal ele já estava fazendo o grande favor de nos conduzir. Era um tal de "vou botar o dedo na sua...", "ai, ai, ai... eu fico toda molhada..." e outras baixarias semelhantes, que me fizeram descer algumas vezes antes de chegar ao meu destino. Sério. Claro que havia os motoristas de bom gosto, mas confesso que só me lembro de dois casos em anos e anos andando de busão pelo Recife.

Em Montreal é difícil andar num ônibus que tenha música. Quando tem, o som é baixinho. E toca música de alto nível, normalmente música clássica. Já ouvi música popular também, mas nada que se comparasse à terrível trilha sonora dos ônibus recifenses. Aqui há um estranho gosto pela era "disco"; já escutei Tina Charles, Bee Gees e outras "feras" da discoteca tanto nos ônibus quanto fora deles. Mas esse é um outro papo.

O que eu queria mesmo era deixar registrada aqui no blog a diferença. Inacreditável. Um país como o Brasil, com uma cultura riquíssima, bem mais diversificada do que a do Canadá, e o que "faz sucesso" é só porcaria? Confesso que queria entender o porquê. Será que o calor afeta o juízo das pessoas? Faz elas gostarem de música ruim? Não sei. Como não posso fazer nada, vou curtir o som dos ônibus de Montreal. Aqui também faz calor, mas em compensação a gente tem As Quatro Estações.

À bientôt!