segunda-feira, 30 de março de 2009

La Grande (et fantastique) Bibliothèque

Uma das melhores coisas de Montreal é a Grande Biblioteca. Inacreditavelmente boa. Um acervo fantástico (e atualizadíssimo) de livros, CDs e DVDs disponível pra quem quiser ir lá buscar. E não é só isso: além do excelente serviço na própria biblioteca, que está cheia de guichês automatizados (não precisa falar com ninguém pra pegar emprestado) o site também funciona maravilhosamente bem. Nele você pode pesquisar em todo o acervo (o sistema de busca é excelente), reservar, renovar, enfim... fazer tudo o que você precisa. Pra ser perfeito, só falta mandar entregar o livro em casa ou mandar por e-mail. Falo dos livros de papel, claro, pois - acredite - lá também é possível fazer download de livros digitalizados. :) Está duvidando? Então confira aqui: www.banq.qc.ca

A Grande Biblioteca (que é grande mesmo) tem de tudo: DVDs de (bons) filmes, de seriados de TV, documentários e CDs de (boa) música daqui e dos quatro cantos do mundo. Imagine você que na semana passada eu vi um CD de Lia de Itamaracá - difícil de encontrar até mesmo em Recife! Isso sem falar nos zilhões de livros, claro. E o Espaço Amarelo, para as crianças, que lá podem assistir filmes, jogar, brincar e um dia por semana podem também escutar historinhas narradas por pessoas especialmente capacitadas pra isso? C'est vraiment incroyable!

Com uma biblioteca dessas, quem pode reclamar de não ter acesso à cultura? Aliás, quem pode reclamar de alguma coisa? Nem eu consegui essa façanha. ;)

Passa lá! Se não puder, ao menos faça uma visita virtual clicando aqui.

À bientôt!

domingo, 29 de março de 2009

Sabe onde é isso?

No jardim em frente ao edifício onde moro, donos e cachorros brincam como se estivessem em casa. Que maravilha, dirá você. Mas não é bem assim: de vez em quando uns animais deixam seu cocozinho na grama e os outros animais - aqueles que deveriam ter o cuidado de recolher o cocô num saquinho e jogar no lixo - fazem de conta que não é com eles. Estão literalmente cagando para o mundo. Problema seu se em vez de cachorro você tem um filho e quer brincar com ele no jardim do seu edifício.

(Não clique na imagem ao lado, a não ser que você queira ver o absurdo ampliado)

Na parada de ônibus, outros animais - dessa vez sem cachorro pra pôr a culpa - jogam o lixo no chão, quando há uma lixeira a menos de três metros dali. E o local passa dias e dias sujo. Não sei se a limpeza é feita poucas vezes por mês ou se os sujismundos agem todo dia. Mas é assim.

Sabe que em que cidade acontece isso? Vai chutando. Caruaru? Não. Recife? Não. São Paulo? Não. Ah... já sabe... Calcutá! Não. Também não.

(Façamos assim: eu vou fazer de conta que você não sabe de que cidade eu estou falando. Aí eu escrevo aqui "é Montreal!" e você finge surpresa. Combinado? Vamos lá.)

Tá bem, eu vou dizer: é Montreal! Cidade de Primeiro Mundo!

Que surpresa, hein? Pois é, mas aqui tem disso sim. Tem uma lenda aí que diz que há uma multa pesada pra quem deixa cocô de cachorro na rua ou joga lixo fora da lixeira. Pode até ser verdade, mas o problema é... quem vai multar essa gente? Não tem ninguém pra fazer isso. Como o bairro onde eu moro é muito tranqüilo (*) quase não se vê polícia por aqui... tome cocô e lixo!

Desculpa aí, mas hoje eu tô arretado.

() Justiça se faça, a cidade em geral é muito tranqüila. Essa é a grande virtude de Montreal: aqui não tem a violência que a gente vê no Brasil, a gente pode andar sem medo pelas ruas, e isso pesa enormemente a favor da cidade. Ah, antes de terminar, uma correção: ultimamente eu tenho tido medo, sim, de andar por aqui. Medo de pisar em cocô de cachorro.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Sou do Recife com orgulho e com saudade













Hoje Recife e Olinda fazem aniversário.

Vale um frevo pra comemorar.

Frevo nº 3 do Recife
(Antônio Maria)

Sou do Recife
Com orgulho e com saudade
Sou do Recife
Com vontade de chorar
O rio passa
Levando barcaça
Pro alto do mar
E em mim não passa
Essa vontade de voltar
Recife mandou me chamar
Capiba e Zumba
Esta hora onde é que estão?
Inês e Rosa
Em que reinado reinarão?
Ascenso me mande um cartão

Rua antiga da Harmonia
Da Amizade, da Saudade e da União
São lembranças noite e dia
Nelson Ferreira toque aquela introdução

E a crise chegou ao Dollarama

O Dollarama, pra quem ainda não veio ao Canadá, é uma loja onde tudo custa um dólar. Ou melhor, custava. Desde fevereiro que essa história mudou e eles começaram a vender produtos também por 1,25, 1,50 e 2 dólares. A tão falada crise chegou ao Dollarama.

Algumas coisas aumentaram, outras mantiveram o preço mas tiveram suas embalagens reduzidas (escondendo aumentos de quase 40%), e produtos novos chegaram às prateleiras custando mais de um dólar. Não é o fim do mundo, tudo ainda continua muito barato no Paraíso do Imigrante, mas esse não deixa de ser um acontecimento digno de atenção.

Mesmo com essa mudança, o Dollarama segue sendo o amigo nosso de cada dia, onde se compra arroz de primeira por 1/3 do preço dos supermercados, brinquedos, material escolar, material de limpeza e higiene pessoal - incluindo papel higiênico. Quatro rolos por um dólar. E não é papel-lixa não. No Dollarama quase tudo é de boa qualidade. Bom e barato, dá vontade de comprar mesmo sem necessidade. Idéia genial, pra quem compra e - claro - pra quem vende também. É difícil sair de lá com apenas um produto na sacola.

Tá pensando que eles vendem barato porque são bestas, é? Vai pensando. ;)

quarta-feira, 11 de março de 2009

Cuidado com o falso xarope

Há dias que eu só escrevo sobre cuidados e perigos, mas eu garanto que não é de propósito. É pura coincidência. Vou sabendo de algumas coisas, vou tendo vontade de escrever sobre elas, e aproveito pra fazer isso rapidamente enquanto a vontade não passa. Se eu demoro, termino deixando pra lá. E o blog que era pra ser devezenquandal passa a ser umaveznavidal. Mas vamos lá.

A bronca de hoje é com o falso xarope de maple (perdão, sirop d'érable) que apareceu nas prateleiras dos supermercados. E eu - consumidor supostamente atento - quase ia caindo na besteira de comprar uma latinha na semana passada. Tava tão baratinho... só 3,99! Ainda bem que deixei pra lá, pensando na queda dos preços com a chegada da primavera. Foi a sorte.

Ontem eu li no portal Canoë uma reportagem (clique aqui para ler) sobre esse falso xarope, que de maple não tem nada. Ou melhor, tem 5%. O resto é xarope de arroz e xarope de caldo de cana. Que enrolação!

Pois é, gente querendo enganar você não existe só no Brasil não. Aqui também tem. E é aquela enganação sutil, que quando questionada vai ser respondida na maior cara-de-pau: "Se a gente induziu a um erro, a gente pede desculpas. Não era nosso objetivo". Não era? Como não era, se as latas do falso xarope são quase iguais às do original, vendido pela mesma empresa? Veja aí do lado e tire suas conclusões.

Isso me lembrou uma época em que a SBT Discos, do Brasil, costumava lançar coletâneas de sucessos regravados por ilustres desconhecidos, ruinzinhos de dar dó. Mas pra vender como se fossem as músicas originais ela sapecava na embalagem um discreto "regravações dos originais". Lido de repente, o que se entendia? "gravações originais", claro.

Na página da reportagem links para dois vídeos. Se você leu ligeiro e não percebeu, é sinal de que você precisa - como eu - prestar mais atenção nas coisas. ;)

Aqui vão os links:

Reportagem principal (com depoimento do representante do fabricante)
http://lcn.canoe.ca/cgi-bin/player/video.cgi?file=/lcn/actualite/regional/20090310_ps.wmv

Video com o depoimento do presidente da Associação dos produtores de xarope
http://lcn.canoe.ca/cgi-bin/player/video.cgi?file=/lcn/actualite/national/20090310_sirop.wmv

Pra terminar, é justo acrescentar uma informação: parece que o tal Sirop Certifié Biologique é até bonzinho, pois recebeu um prêmio na Europa pelo seu sabor. Talvez nem precisasse enganar, não era mesmo?

Que xaropada!

Des garderies dangereuses?

É... o tema é complicado e merece muita, muita atenção.

Na última segunda-feira o Jornal de Montreal publicou uma reportagem sobre a segurança nas garderies do Québec, em que comenta o resultado de inspeções feitas recentemente pelo Ministério da Família. Vale a pena ler, principalmente quem tem filho em garderie.

As matérias estão todas na internet:

Des garderies dangereuses
http://www2.canoe.com/infos/quebeccanada/archives/2009/03/20090309-051700.html

Ontem, dia 10, o jornal publicou outros dois artigos sobre o mesmo tema:

Les parents seront informés
http://www2.canoe.com/infos/quebeccanada/archives/2009/03/20090310-081500.html

Les inspecteurs trop sévères?
http://www2.canoe.com/infos/quebeccanada/archives/2009/03/20090310-081501.html

À bientôt!

segunda-feira, 9 de março de 2009

Mais um instante

Não sou fã nem de Caetano, nem de Roberto Carlos. Muito pelo contrário. Também não tenho caracóis nos cabelos. Mas aí está uma música que tem muito a ver com muitos dos imigrantes.

Consumidor aqui tem que prestar atenção (2)

Eu já tinha escrito sobre isso há uns três meses (ver aqui), mas terminei esquecendo que consumidor aqui tem que prestar atenção. Muita atenção. Eu me distraí, pensei que ainda estava no Brasil, e em janeiro comprei um chocolate em pó da Nestlé (Milo) que estava com um ano e meio de vencido. Isso mesmo que você leu: um ano e meio! Foi lá num mercadinho perto da estação Jean Talon. Tá certo que o danado veio do Sri Lanka, mas o Sri Lanka não é tão longe assim. Nem vindo de jegue pra cá demoraria tanto.

Minha distração custou apenas 4 dólares, mas poderia ter custado muito mais. Ainda bem que eu percebi que tinha algo errado com o "Milo" que eu coloquei no leite e não tomei.

Aqui a gente não pode se descuidar nem um só instante: tem que olhar a data de vencimento de todos os produtos que compra. E como não é obrigado pôr a data, tem produto que nem tem. Aí é melhor não comprar. Nos grandes supermercados é mais difícil, eles têm um certo controle, mas nos mercadinhos de bairro a coisa é complicada. Você nem imagina o que tem de espertinho por aqui. E a gente não tem o que fazer. Não tem nem onde reclamar. Pelo menos não que eu saiba. Se alguém souber, por favor me avise.

Na dúvida, agora eu só compro Nesquik. ;)

domingo, 8 de março de 2009

Começa o horário avançado

Depois de um mês no Brasil, é hora de recomeçar a vida no Québec. As férias passaram rapidinho, não foram suficientes pra passar todo o tempo que eu queria ter passado com a família e com os amigos (e tem mais: a segunda partida é sempre mais difícil do que a primeira). A primeira semana pós-férias foi meio macambúzia, meio sorumbática, mas trouxe uma boa notícia: a partir de hoje volta a ser mais fácil falar com as pessoas no Brasil.

Hoje começou o horário "avançado" no Québec. Com isso, a diferença entre Montreal e Recife volta a ser de uma hora e eu posso jantar tranqüilo que ainda vou ter tempo de telefonar pra todo mundo. Bom, né não?

Em tempo: o nome "avançado" é meio estranho, mas tem uma explicação: se eles chamassem horário de verão todo mundo ia tirar onda. ;)