Eu adoro a forma québécoise de dizer certas coisas. Por exemplo: quando algo não funciona, o francês da França diz "ça ne fonctionne pas"; ja o québécois diz "ça ne marche pas". O "fonctionne", evidentemente, é bem mais próximo do nosso "funciona", mas cá pra nós, eu prefiro "marcher".
Gosto das expressões québécoises, mas gosto mesmo é de quando eu estou na parada do ônibus e ele está atrasado. Tá bem, você deve estar pensando que o frio já começou a me fazer mal, que até ontem eu reclamava do atraso dos ônibus daqui e coisa e tal... mas eu explico: eu gosto porque sempre chega alguém perto da placa onde o horário dos ônibus esta afixado e fica lá... olhando pra placa, olhando pro relógio... aí então eu aproveito pra chegar perto, caprichar no meu francês québécois e dizer "Désolé, mais ils sont toujours en retard. Ça ne marche pas !". Normalmente consigo no mínimo um sorriso. É que eles sabem que não funciona mesmo.
O québécois não gosta muito de reclamar não. Mas aos poucos eu vou ensinando como é que se faz. Principalmente no que se refere à STM. ;)
terça-feira, 25 de novembro de 2008
quarta-feira, 19 de novembro de 2008
Detesto esses choques
Todo dia, aqui em Montreal, eu digo um monte de palavrões. Mas não é só por causa dos ônibus da STM não. Tem uma coisa que me aborrece ainda mais do que eles: os choques. É, é isso mesmo: aqui a gente leva choque todo dia, vou logo avisando. Claro que há as exceções, tem gente que nunca levou choque, mas infelizmente não estou nesse grupo de privilegiados.
O negócio é o seguinte: se a gente vai pressionar o botão do elevador, leva choque. Se vai abrir a porta e toca de leve na maçaneta, leva choque. Se bate em alguém, leva choque. Empurrando carrinho de supermercado então... é um choque atrás do outro. E tome palavrão! O choque já é ruim; juntando com o susto faz a gente virar uma bomba. Uma bomba de nervos. Um choque, uma explosão. Normalmente seguida de um ou dois palavrões, claro.
Hoje pela manhã eu fui pentear o cabelo e quando aproximei a mão da cabeça os cabelos ficaram em pé. Afastava a mão, os cabelos baixavam. Aproximava, eles levantavam. Coisa mais estranha. Eu devia ter filmado. Ah, antes que me perguntem: eu não testei em outras partes do corpo.
Hoje à tarde, na aula de francês, levei o maior choque no quadro (ou lousa, ou tableau, sei lá). A professora tinha me chamado pra escrever uma frase e, na hora que eu toquei no danado pra pegar o pincel atômico, foi aquele susto. Mas o susto foi tão grande que a professora se assustou também. Coitada, ela ainda pediu desculpas. Como se fosse ela a culpada.
Soube que a real culpada por tudo isso é uma tal de eletricidade estática, que eu nem me lembrava mais que existia. Tenho uma vaga lembrança de ter sido apresentado a ela quando fazia o segundo grau, mas não tenho certeza. Acho que eu esqueci porque em Recife não tem esse negócio não. Ou, se tem, não funciona. Ainda bem.
%@#$%#!!! Eu detesto levar choque!
Alguém sabe se existe luva de borracha?
O negócio é o seguinte: se a gente vai pressionar o botão do elevador, leva choque. Se vai abrir a porta e toca de leve na maçaneta, leva choque. Se bate em alguém, leva choque. Empurrando carrinho de supermercado então... é um choque atrás do outro. E tome palavrão! O choque já é ruim; juntando com o susto faz a gente virar uma bomba. Uma bomba de nervos. Um choque, uma explosão. Normalmente seguida de um ou dois palavrões, claro.
Hoje pela manhã eu fui pentear o cabelo e quando aproximei a mão da cabeça os cabelos ficaram em pé. Afastava a mão, os cabelos baixavam. Aproximava, eles levantavam. Coisa mais estranha. Eu devia ter filmado. Ah, antes que me perguntem: eu não testei em outras partes do corpo.
Hoje à tarde, na aula de francês, levei o maior choque no quadro (ou lousa, ou tableau, sei lá). A professora tinha me chamado pra escrever uma frase e, na hora que eu toquei no danado pra pegar o pincel atômico, foi aquele susto. Mas o susto foi tão grande que a professora se assustou também. Coitada, ela ainda pediu desculpas. Como se fosse ela a culpada.
Soube que a real culpada por tudo isso é uma tal de eletricidade estática, que eu nem me lembrava mais que existia. Tenho uma vaga lembrança de ter sido apresentado a ela quando fazia o segundo grau, mas não tenho certeza. Acho que eu esqueci porque em Recife não tem esse negócio não. Ou, se tem, não funciona. Ainda bem.
%@#$%#!!! Eu detesto levar choque!
Alguém sabe se existe luva de borracha?
terça-feira, 18 de novembro de 2008
Consumidor aqui tem que prestar atenção
Parece mentira, mas não é. Soube hoje que aqui no Quebec não é obrigatório informar a data de validade nos rótulos dos alimentos. Informa quem quer. Como não é obrigatório, não existe fiscalização. Aí já viu, né? Vez por outra a gente encontra produto "vencido" à venda nos supermercados. Tudo bem que não é tão comum, mas mesmo assim. Produto fora do prazo de validade... convenhamos... é um absurdo. Principalmente num país dito de primeiro mundo.
E tem mais: alguns dos produtos que trazem a data de validade fazem questão de complicar a danada. Em vez de um simples 18/11/2008 (ou 11/18/2008, vá lá que seja) o que a gente encontra é um amontoado de caracteres que só depois de meia hora a gente vai entender. Misturam data, hora, minuto e segundo com número de lote e não-sei-mais-o-quê, só pra confundir.
Pra quem acha que nada no Brasil presta, que nós somos os mais atrasados, que tudo no primeiro mundo é melhor: vá alguém vender produto vencido pra ver o que acontece. O Código de Defesa do Consumidor, pelo menos, funciona.
E tem mais: alguns dos produtos que trazem a data de validade fazem questão de complicar a danada. Em vez de um simples 18/11/2008 (ou 11/18/2008, vá lá que seja) o que a gente encontra é um amontoado de caracteres que só depois de meia hora a gente vai entender. Misturam data, hora, minuto e segundo com número de lote e não-sei-mais-o-quê, só pra confundir.
Pra quem acha que nada no Brasil presta, que nós somos os mais atrasados, que tudo no primeiro mundo é melhor: vá alguém vender produto vencido pra ver o que acontece. O Código de Defesa do Consumidor, pelo menos, funciona.
sexta-feira, 7 de novembro de 2008
Meu primeiro "brouillard"
Acordei na última quarta-feira e tomei um susto arretado: em vez da bela paisagem da janela, um nevoeiro. A visibilidade era de menos de um metro. Incroyable! Era como se o nosso edifício estivesse dentro de uma nuvem. Eu só tinha visto coisa igual lá no Rio de Janeiro, mais precisamente no Cristo Redentor. A sorte é que não fazia muito frio; a temperatura estava em torno de 8 graus.
Como bom estreante, aproveitei pra tirar uma foto com o meu celular. Mas só lembrei de fazer isso quando estava a caminho da parada de ônibus. Não é lá uma foto muito boa, "le brouillard" já tava mais fraquinho, mas dá pra mostrar mais ou menos como estava Montreal na manhã do último dia 6.
À bientôt!
Como bom estreante, aproveitei pra tirar uma foto com o meu celular. Mas só lembrei de fazer isso quando estava a caminho da parada de ônibus. Não é lá uma foto muito boa, "le brouillard" já tava mais fraquinho, mas dá pra mostrar mais ou menos como estava Montreal na manhã do último dia 6.
À bientôt!
Chá de bússola neles!
(Ou... A STM e seus motoristas desorientados)
Se há uma coisa que me aborrece em Montreal, essa coisa é a STM. A "Societé de Transport de Montréal" é a empresa responsável pelo transporte público da cidade — ônibus, metrô e trem. De trem nunca andei, do metrô não tenho muito o que reclamar, mas dos ônibus...
Poderia escrever durante horas pra reclamar da STM. Estou sempre com vontade, assunto não me faltaria, mas só de pensar me dá preguiça. Ônibus atrasados, ônibus que queimam o horário, ônibus que passam lotados e não param... mas deixa pra lá. Hoje eu vou falar é dos motoristas desorientados.
Sexta-feira, dia 7 de novembro, por volta das 16h45. Tínhamos saído da garderie e íamos pra casa. Pegamos o 168, como de costume, na parada em frente ao IGA. Logo no primeiro cruzamento, um desvio: a rua Berlioz estava em obras. As obras começaram há dois dias, então era de se esperar que todos os motoristas já soubessem disso. Mas com a STM tudo é possível, e o motorista do ônibus em que eu estava não sabia.
Chegando ao cruzamento ele parou e ficou ali, perplexo, por alguns segundos. Em seguida olhou pra mim com uma cara de desesperado e, enquanto apontava com as duas mãos para a placa "Detour", balbuciou alguma coisa que eu não entendi. "Pardon?", eu disse. E ele perguntou: "pra onde eu vou agora? Direita ou esquerda?" Quase que eu dizia pra ele largar o ônibus ali mesmo e correr pra sede da STM pra perguntar. Também tive vontade de dizer que eles, québecoises, estiveram diante do mesmo dilema há alguns dias mas escolheram errado: a direita, releegendo Stephen Harper. Mas eu achei melhor não complicar muito e apenas ensinar o caminho ao coitado: "à esquerda, à direita e mais adiante à direita de novo. Pronto. Você vai chegar à rua Berlioz novamente". Ainda com cara de cachorro que cai do caminhão da mudança, o sujeito agradeceu: "Merci, monsieur!" De rien, meu velho. E fomos pra casa. Incroyable! Unbelievable! Eu ensinando a um motorista québecois o caminho que ele deveria seguir.
Pensa que foi só esse caso de motorista desorientado? Não. Outra vez, lá no centro de Montreal, a motorista do 168 pegou o caminho errado e em vez de ir para nosso bairro foi bater no Velho Porto. Foi preciso um passageiro ensinar a ela o caminho. Também já aconteceu de outro motorista ser surpreendido, numa manhã de sábado, por um desvio que nos fez andar 5 km a mais do que o previsto. Conheci metade de Montreal naquele dia. Mas eu só queria mesmo era chegar ao centro da cidade em 20 minutos, como sempre. Levei 40.
Talvez as obras de rua não sejam informadas à STM. Se forem, a danada não informa aos motoristas. A culpa eu não sei de quem é, mas quem paga o pato somos nós. Isso numa cidade de primeiro mundo! É chato, mas eu tenho que repetir: incroyable! Unbelievable! Mas é assim. Acredite.
À bientôt!
Se há uma coisa que me aborrece em Montreal, essa coisa é a STM. A "Societé de Transport de Montréal" é a empresa responsável pelo transporte público da cidade — ônibus, metrô e trem. De trem nunca andei, do metrô não tenho muito o que reclamar, mas dos ônibus...
Poderia escrever durante horas pra reclamar da STM. Estou sempre com vontade, assunto não me faltaria, mas só de pensar me dá preguiça. Ônibus atrasados, ônibus que queimam o horário, ônibus que passam lotados e não param... mas deixa pra lá. Hoje eu vou falar é dos motoristas desorientados.
Sexta-feira, dia 7 de novembro, por volta das 16h45. Tínhamos saído da garderie e íamos pra casa. Pegamos o 168, como de costume, na parada em frente ao IGA. Logo no primeiro cruzamento, um desvio: a rua Berlioz estava em obras. As obras começaram há dois dias, então era de se esperar que todos os motoristas já soubessem disso. Mas com a STM tudo é possível, e o motorista do ônibus em que eu estava não sabia.
Chegando ao cruzamento ele parou e ficou ali, perplexo, por alguns segundos. Em seguida olhou pra mim com uma cara de desesperado e, enquanto apontava com as duas mãos para a placa "Detour", balbuciou alguma coisa que eu não entendi. "Pardon?", eu disse. E ele perguntou: "pra onde eu vou agora? Direita ou esquerda?" Quase que eu dizia pra ele largar o ônibus ali mesmo e correr pra sede da STM pra perguntar. Também tive vontade de dizer que eles, québecoises, estiveram diante do mesmo dilema há alguns dias mas escolheram errado: a direita, releegendo Stephen Harper. Mas eu achei melhor não complicar muito e apenas ensinar o caminho ao coitado: "à esquerda, à direita e mais adiante à direita de novo. Pronto. Você vai chegar à rua Berlioz novamente". Ainda com cara de cachorro que cai do caminhão da mudança, o sujeito agradeceu: "Merci, monsieur!" De rien, meu velho. E fomos pra casa. Incroyable! Unbelievable! Eu ensinando a um motorista québecois o caminho que ele deveria seguir.
Pensa que foi só esse caso de motorista desorientado? Não. Outra vez, lá no centro de Montreal, a motorista do 168 pegou o caminho errado e em vez de ir para nosso bairro foi bater no Velho Porto. Foi preciso um passageiro ensinar a ela o caminho. Também já aconteceu de outro motorista ser surpreendido, numa manhã de sábado, por um desvio que nos fez andar 5 km a mais do que o previsto. Conheci metade de Montreal naquele dia. Mas eu só queria mesmo era chegar ao centro da cidade em 20 minutos, como sempre. Levei 40.
Talvez as obras de rua não sejam informadas à STM. Se forem, a danada não informa aos motoristas. A culpa eu não sei de quem é, mas quem paga o pato somos nós. Isso numa cidade de primeiro mundo! É chato, mas eu tenho que repetir: incroyable! Unbelievable! Mas é assim. Acredite.
À bientôt!
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